quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Biblioteca do Google provoca indignação na Alemanha

Do Portal Terra

FRANKFURT - O projeto do Google que pretende converter milhões de obras da literatura em livros eletrônicos para serem consultados online foi recebido, na segunda-feira, com ira na 61ª Feira Internacional do Livro de Frankfurt, na Alemanha.

Roland Reuss, professor de literatura na Universidade de Heidelberg, Alemanha, é um dos que denunciam o plano do Google de digitalizar um grande número de livros esgotados ou difíceis de serem encontrados e oferecê-los na internet, recebendo benefícios através da publicidade.

"Isso não faz sentido, é lixo e um propaganda histérica", disse Reuss em um fórum realizado em Frankfurt sobre o tema, advertindo contra o risco da proposta aniquilar a indústria editorial tradicional.

"Vocês revolucionam o mercado de livros, mas o custo será a destruição daqueles que os produzem", disse ele.

Um executivo do Google no Reino Unido, Santiago de la Mora, disse: "Nós resolvemos um dos problemas mundiais, o fato de que um livro que não pode ser encontrado é um livro quase morto".

Segundo de la Mora, o plano do Google "irá reviver esses livros tornando-os mais visíveis para 1.800 milhões de usuários da internet, de uma forma muito bem controlada.

O projeto de biblioteca digital, o Google Books, chocou os Estados Unidos e a Europa e criou resistência daqueles que temem uma violação dos direitos autorais.

No final de 2008, autores e editores, junto aos advogados do Google, concluiram um acordo sobre a exploração destes títulos colocados online e sobre o pagamento das respectivas receitas publicitárias. No entanto, o Ministério da Justiça dos Estados Unidos, em nome dos direitos dos autores, disse que o projeto deveria ser revisto. A discussão continua no tribunal em Nova York, onde um veredicto é esperado em novembro.

O acordo alcançado no final de 2008 também é contestado pelos governos da França e da Alemanha. Editores europeus e autoridades públicas dizem que o Google violou a legislação em vigor na União Europeia sem a autorização para digitalizar 10 milhões de obras, algumas da Europa.

"Antes de qualquer uso comercial de uma obra, você precisa de permissão", disse Christian Sprang, advogado da Associação do Comércio Livreiro Alemão.

Questionado pela AFP sobre este debate, o comissário europeu para o multilinguismo, Leonard Orban, afirmou que "temos de garantir o acesso do público aos livros, se possível, gratuitamente, mas também temos de proteger os autores."

Em Frankfurt, o Google confirmou que o lançamento na Europa em 2010 do seu serviço Google Editions permitirá carregar livros inteiros em telefones celulares ou leitores eletrônicos.

Desde que lançou o serviço Amazon.com Kindle, a perspectiva de um novo concorrente para os editores teme uma forte queda nas vendas de livros "clássicos". Segundo as previsões da indústria, os e-books estarão entre os presentes mais comuns no Natal.

Para os editores, o Google Editions é mais ameaçador do que o Amazon. Qualquer dispositivo eletrônico equipado com um navegador da web - a partir de smartphones, leitores eletrônicos e computadores portáteis serão capazes de acessar o Google Books Editions.

Segundo o Google, cerca de 500 mil obras estarão disponíveis a partir do primeiro semestre de 2010 na Europa.

Laurent Picard, co-fundador do grupo francês Booken, que apresentou o seu modelo eletrônico Cybook Opus, em Frankfurt, acredita que Google e Amazon "tem um grande poder sobre os editores" e poderiam começar a influenciar os preços quando as edições das versões em papel começarem seu declínio.

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